sexta-feira, 30 de julho de 2010

Grandes Negócios

Como na música do nosso querido (ugh) Guilherme Arantes Aprendendo a Jogar, temos uma cota de vida para preencher e se houver disposição, podemos aprender um pouco com o meio empresarial.
Os executivos de alto escalão negociam, blefam, mentem e repetem exatamente os movimentos que aprendemos quando jogamos poker com o pessoal da faculdade de quarta-feira à noite. Para os que não sabem jogar esse aclamado jogo de cartas, serve o truco também - onde você geralmente tem pouco nas mãos, mas acaba fazendo um milagre com o poder da persuasão e principalmente da mentira sofisticada.
A captação de grandes clientes é pura jogatina e os jogadores melhor preparados são os que fizeram um bom curso de embromation (MBA) que garante que conseguirão manipular opiniões usando termos sofisticados (tanto para impressionar um possível cliente como para enrolar um funcionário insatisfeito), também os que têm experiência (expertise) no embromation de pessoas, ou seja, conseguiram ganhar mais partidas de poker e tem a lábia forte. Ainda existem os canastrões, que são os que guardam cartas na cueca.



sexta-feira, 23 de julho de 2010

Boliche Corporativo

Manucu hoje se dedica a recolher depoimentos de vacas exaustas pela rotina das corporações.
As entrevistas foram feitas informalmente nas áreas comuns e basearam-se em opiniões sobre sua satisfação e comportamento dentro dos layouts em que trabalham.
Elegemos três cargos diferentes e seus diferentes pontos de vista, para depois propor sugestões, adaptar o programa do espaço e dar um ar mais "humano":


Superintendente de PLIC PLOC Gerais III

"Na minha opinião, o layout poderia ser revisto para que tivéssemos um tipo de diversão competitiva sem ter que deixar o prédio ou levar o Nintendo Wii para o trabalho. Alguns momentos de ócio são ótimos para cultivar o dinamismo das relações entre as hierarquias".


Gerente de Insumos, Insight, Colaboração e Metas DFG II

"Acho que os cortes de empregos poderiam ser feitos de um jeito mais criativo e lúdico, para que os funcionários se sentissem bem no fim das contas. Afinal, ficar desempregado não é o fim do mundo. Sobre o layout, não tenho queixas. Só acho que poderia ter um espaço aqui no andar para alguma coisa, alguma coisa criativa".


Analista de análises III

"...O layout é um pouco velho, pedimos a compra de alguns vaporizadores starilair para dar uma matada nos ácaros porque o povo estava espirrando demais. O que incomoda mais é que só podemos fazer 15 minutos de pausa e uma partida de futebol de botão dura 30 minutos. Perdi meu passatempo e não tenho conseguido chegar à tempo na academia para me exercitar porque fomos transferidos para o outro lado da cidade...Estou otimista com as mudanças"

Nossa leitura sobre os depoimentos acima indica a evidente necessidade de distração dos colaboradores e chamamos nosso designer - desenhista e enchedor de petecas para emprestar seu toque criativo e atender esta demanda:



A pista de boliche pode ser adaptável tanto para os momentos de de lazer, quanto para os tensos momentos de demissão. Apesar de ser sugerida para superintendência, poderá ser utilizada por todos como atividade de descompressão física e mental, incentivando a competição saudável.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Pirataria profissional

Num mundo de infinitas possibilidades e mais tantas outras pessoas capazes (ou mais capazes) de fazer o que o mercado de trabalho pede, é preciso ser eternamente criativo e altamente prolífico (ou ser um bom ator) para a sobrevivência por períodos mais longos.
A marca das empresas que se comportam como sanguessugas é obter o melhor de outras empresas e extrair deste melhor o que podem. Até fazê-lo dar linha na pipa e se sentir corajoso e abrir o próprio empreendimento que se comportará da mesma forma e reiniciará o ciclo autofágico do capitalismo.
O caminho das pedras de um profissional até este ponto não é nada comum. Dezenas de experiências nada corretas o fazem amadurecer até que perceba o que realmente é o mercado e como deve agir para obter sucesso, bem diferente dos preceitos éticos ditados no seu juramento de formatura.
A verdade é que deve-se produzir, como não importa. Gastam-se noites e noites trabalhando, utilizam-se recursos baratos, roubam-se idéias diferentes e as sobrepõe - com nomes mais glamourosos, refinam a forma de apresentar para justificar o valor que cobram e assim constroem uma realidade nova profissional.
Sem parâmetros, o profissional joga o jogo de cada empresa onde trabalha, vive e dissemina a "cultura" interna da instituição e muitas vezes se perde de outras realidades, pela falta de ética geral.
Cada vez mais, a falta de tutor produz profissionais do "se virol" e estimulam a quebra dos próprios padrões burocráticos para que o trabalho aconteça com qualidade.
Resumindo, se o funcionário quer ser proativo e depende de um sistema em que precisa se reportar a três gerentes diferentes para sair na frente na corrida pela melhor performance, a pirataria é quase que uma condição para seu sucesso.








terça-feira, 20 de julho de 2010

Os Malas da Veja

Os problemas do trabalho geralmente não são problemas do trabalho, e sim, problemas de relações pessoais no trabalho. Afinal, trabalhar (de verdade) é a parte mais estimulante e motivadora, e quanto a isso não há queixas. Os problemas são sempre os “malas” do mundo corporativo.

Então, indo na mesma linha de raciocínio, ao invés de discutirmos aqui "o trabalho", vamos falar do que mais interessa, que é criticar o outro, e discutir "as relações de trabalho". VEJA fez isso recentemente e vamos juntos elocubrar a respeito.

Levando em conta que a revista não tem compromisso algum com a inteligência dos seus leitores, e que, os artigos nela publicados representam a voz da classe média e alta deste país, vamos partir do pressuposto de que ela tenta trazer à tona algumas verdades...

Os primeiros parágrafos assumem totalmente o caráter emputecedor das corporações de hoje em dia, inclusive ironizando e satirizando os executivos: são todos malas. Com ou sem alça, mas são.



A reportagem é estratégica e providencialmente paradoxal, pois elege as 10 piores características do mundo corporativo segundo os próprios funcionários (para isso coloca foto, depoimento, nome e idade, personalizando e 'humanizando' o caráter do texto). Em seguida, a reportagem traz 10 'mandamentos' cuidadosamente selecionados pelos patrões sobre o que não se deve fazer em um ambiente desses. Ou seja, é nítido que a revista tenta ganhar todos os públicos - de funcionários a chefes - dando-lhes razão e argumentos para que critiquem um ao outro, mesmo que a reportagem seja contraditória (ou como já dissemos: esta revista não se compromete em nenhum momento com o cérebro do leitor). E claro, para que tanto patrões quanto subordinados garantam sua assinatura anual da pior revista de todos os tempos (e uma das que tem maior numero de leitores neste país).

Logo na primeira página, a autora caracteriza os cargos de gerência como aqueles ocupados pelos malas “com” alça. Os que não tem alça são aquelas pessoas que “dedicam toda sua energia à criação de problemas para os que querem apenas e tão somente trabalhar”. Assim, VEJA ‘redescobre a roda’, e afirma que os ambientes de trabalho em sua maioria configuram-se como ambientes carregados de situações embaraçosas, infinitas tarefas inúteis, excesso de pressão, apesar de uma supérflua e aparente ‘cordialidade’ nas relações. Mas essas informações demonstradas na reportagem, não são infundadas ou baseadas em meros julgamentos – a VEJA tratou de consultar diversos profissionais qualificados e profundos conhecedores da baderna corporativa para não ter que assumir esta verdade sozinha!

Então o leitor atento nota que, sim, há diversas corporações que cuidam de avaliar outras corporações. São as chamadas empresas de consultoria em RH. Para esta reportagem, a publicidade garantida foi para “You and Your Career”, “Michael Page”, “Isma-Brasil”, “Page Personel”, “Hays” e “Robert Half” – todas elas comprometidas com a melhoria e avaliação da qualidade do ambiente corporativo. Portanto o que seria cômico se não fosse trágico é o fato de que as corporações crescem de tal forma que seus departamentos de recursos humanos mais sofisticados e populosos tornam-se burocráticos e que acabam por estimular, ao invés de impedir, as disputas internas nas corporações.

O que acaba acontecendo é que esse “mercado corporativo” transforma tanto as pessoas, que em questão de meses, o vocabulário muda, o repertório cultural e criativo se esvazia, habilidades como escrever em siglas torna-se algo corriqueiro. Neste momento, forma-se uma massa humana banalizada, alienada e sem visão crítica. Todo dia os mesmo procedimentos. Toda semana os mesmos rituais. Acordar cedo, cair no trânsito, ligar o rádio, entrar no elevador, ouvir os mesmos comentários – a copa do mundo, as eleições, o tempo, a chuva, o último assassinato cruel anunciado na mesma rede de televisão que todos assistem, o Big Brother, a fofoca mais recente, as reações previsíveis daquele chefe que você odeia – elementos constantes presentes na vida alienada. A rotina instaurada canaliza todos a um mesmo fim: a mediocridade e a necessidade de um happy-hour toda 6ª feira. Tudo isso aconteceria mesmo que as corporações não tivessem departamentos de RH. Mesmo que as empresas de consultoria fossem banidas. Além disso, trabalhar no mínimo oito horas (e passar três horas no trânsito) por dia faz parte da providência de se impedir o desenvolvimento cultural do ser humano. Quem consegue ler um bom livro às 21h?

Enfim, os corporativos desejam pertencer a esta massa. Afinal, todos são “another brick in the wall” como cantava Pink Floyd. E é desta alienação que a revista VEJA se vale. Ela fala o que seus leitores querem ouvir (sem ter que pensar ou pesar na consciência).

Dentro da mesma lógica, os meios corporativos não valorizam na prática, a conquista dos diplomas acadêmicos. Mas é senso-comum acreditar que um MBA vai ajudar no aumento do salário. Pode até ser, visto que a ausência de qualidade dos cursos em voga dentro das áreas de Administração e Economia, só aumenta a quantidade de pessoas formadas em “embromation”. Hoje, um engravatado(a) com MBA com certeza sabe se vender muito bem em entrevistas ou reuniões de renegociação de salários. Ou pelo menos, saberá covardemente humilhar seu funcionário até que ele peça as contas.

Por fim, a reportagem dá voltas em seu próprio rabo e conclui que é impossível ser feliz dentro de qualquer corporação. Mas o importante é que você já comprou a revista. Se leu e gostou, ou, se leu e não gostou, não importa, o que vale mesmo é o leitor comprou a revista, teve acesso a todas as publicidades e vai cada vez mais padronizando seu comportamento, de forma que suas atitudes sejam cada vez mais previsíveis, assim como comprar a VEJA no final de semana e achar que é feliz.

Mas se ainda assim você não se sentir feliz, a reportagem apresenta um quadro destacado divulgando o lançamento de um livro chamado “Poder S.A. – Histórias Possíveis do Mundo Corporativo”. Daí o leitor pensa em comprar, compra, lê e acha o autor um gênio. E no rodapé está escrito que o cara foi presidente de uma corporação, vice de outra, diretor de outra, gerente de outra, fez MBA em Harvard, se aposentou e escreveu este livro. E claro que, com isso, o leitor da VEJA vai acreditar que tem que fazer um MBA prá ser feliz. Agora, se tudo isso te der muita preguiça, não se preocupe. O livro vai virar série de tevê. E claro, naquele canal que todo mundo assiste domingo a noite, antes de ir para a corporação.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Origens


A sociedade de hoje está caracterizada pelas dificuldades nas relações sociais, que se reflete diretamente na produtividade do funcionário ou de uma equipe. O sistema de trabalho competitivo aguça sua fauna trabalhadora a se comportar de forma a obter melhores resultados, criando assim uma porção de indivíduos carregados de individualismo e desprovidos de senso coletivo.
A imagem mostra uma espécie de monstro do período cretáceo que ainda assombra os ambientes em que vivemos.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Depressão

O mal do século, como é chamada a depressão, também tem seus rebatimentos no mundo corporativo.
Preocupada com a integridade de seus funcionários, a corporação cria soluções para seu conforto.
Não vamos agredir esse sistema de trabalho pois isso demanda muita argumentação e embasamento intelectual. Mas é possível observar a cadeia de necessidades e soluções geradas pelo comportamento contemporâneo e refletir.






terça-feira, 13 de julho de 2010

Canais de Para-comunicação

A comunicação superior-funcionário é uma das maiores dificuldades para a boa fluência e entendimento do trabalho. A conscientização dos papéis de um e de outro é entendida formalmente, mas na prática ocorre a invasão e inversão seguindo as leis da conveniência.
Ainda há situações em que do funcionário é exigida a intuição, para chegar exatamente ao ponto de satisfação do supervisor, que raramente esclarece o que realmente espera dele.

Pesquisas apontam a constante utilização de oráculos místicos de adivinhação para promover maior assertividade e ganhar pontos com o gerente. Nós, preocupados com o sucesso profissional do colaborador da corporação, encomendamos ao nosso repórter -arquiteto e enrolador profissional de cajuzinhos um estudo de layout para centralizar o relacionamento e fluxo espiritual de informações de trabalho.














segunda-feira, 12 de julho de 2010

Manucu pelo mundo

Além da nossa realidade corporativa brasileira (moldada nas bases americanas) existe o mundo lá fora e seus comportamentos empresariais. Seguimos a lógica de que uma empresa normal inicia suas atividades com duas vacas, depois as vende, compra um touro reprodutor e o faz gerar mais vacas que produzem mais leite e assim multiplica seu capital, rumando a um futuro estável onde seus donos se aposentam à beira mar. Porém, as corporações estrangeiras encontram outra forma de lidar com suas vacas:


segunda-feira, 5 de julho de 2010

Manucu radar tecnológico

Em dia com as novas tecnologias de materiais do mercado, apresentamos uma nova proposta de isolamento em áreas de trabalho abertas (frequentemente utilizadas nas corporações).
Sem os famigerados biombos que impediam o contato visual, o novo recurso adaptado para o auto-ocultamento é o próprio monitor.
Nosso repórter-comentarista e entregador de pizza fez aqui uma simulação da especificação de um material revolucionário nos projetos que contemplam a convivência interpessoal - o monitor acústico.








sábado, 3 de julho de 2010

Patos e Gansos

A jogada comercial muito recorrente entre as corporações é a fusão. Isso acontece por interesses econômicos comuns (óbvio). São negócios grandes que movimentam as estruturas físicas e departamentais das envolvidas.
No Jornal Nacional ou na televisão do elevador, geralmente tomamos conhecimento desses fatos sem nos dar conta da trabalheira que dá um processo desse.
Nós, brasileiros que adoramos uma historinha e trabalhamos diretamente com os envolvidos, ouvimos com frequencia as lamentações de funcionários cansados do vaivém integrativo.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Fale com ele

Deixemos as questões religiosas de lado e paremos um segundo para falar com seu lado agressivo e não muito correto.
Isso é comum para quem acaba de aceitar que ele existe e que você precisa dele às vezes. Somos humanos, temos maus sentimentos, somos sádicos, mesquinhos, egoístas e ainda suportamos sorrir socialmente para gente babaca. No fim do mês é possível esquecer tudo quando vemos nosso salário tranquilamente.
Acontece que alguém chegou aqui primeiro e faz isso há mais tempo e bem melhor do que você. E neste momento nem está com crise de consciência sobre essa coisa toda, está numa reunião fechando um negócio milionário com uns gringos na outra sala.